quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Electric Wizard - Black Masses (2010)




















E o Electric Wizard nos surpreende denovo. Depois de Witchcult Today, que é puro Black Sabbath, onde muitos fãs não gostaram do estilo diferente que a banda adotou se comparado ao Dopethrone, Black Mass, lançado em novembro de 2010, está uma mistura dos dois e de vários outros LPs da banda. O LP está muito psicodélico, mais drone, um pouco menos doom, mais stoner, mais noise, com vocais ácidos, distorções na guitarra de Liz, ruídos variados.

Black Mass. “Hear me Lucifer, Black Mass, Black Mass, Take me Higher, Higher, Black Mass, Black Mass.” é o trecho suficiente para se amar essa faixa. E o que ocorre por toda a música também: uma grande interação, criado pelas guitarras low-tuned e por um baixo tão profundo que facilmente faz vibrar tudo que está por perto. Nota-se, no entanto, algo um pouco diferente: a velocidade. A composição está definitivamente mais rapida. É uma excelente balada inicial; dela jorram múltiplos cenários do estilo de H.P. Lovecraft, abrindo os portões do ocultismo.

Venus In Furs. Esta faixa mantém o mesmo clima de Black Mass, destacando-se a voz de Jus, onde se dá até a sensação de que o líder de Electric Wizard está numa tumba. É também impossível ficar indiferente aos solos que vão surgindo aqui e ali, como pequenos presentes amaldiçoados. Não há dúvida de que tanto Oborn, como Liz Buckingham, tiveram bastante cuidado na criação de verdadeiros momentos psicadélicos. Em suma, Venus In Furs é um tributo emblemático à magia negra, com o seu final a engolir quem a ouve, como se de um buraco negro se tratasse.

The Nightchild. Esta música é a volta da formula doom, tão característica do álbum homónimo de estreia. O feeling old-school que a música tem é, no entanto, aprimorado por uma composição mais trabalhada e não tão "direto na sua cara", como acontecia no início de carreira. Electric Wizard não se preocupa, hoje em dia, somente com o riff e com a distorção; há um claro enfoque na atmosfera e na envolvência do ouvinte, algo que fica bem claro na série de ruídos que se vão ouvindo, enquanto Jus repete a frase “under the black sun”… The Nightchild acaba por se desfazer num imenso lago de efeitos. Destaque também para as poderosas linhas de baixo de Tas, ele que faz a sua estreia na gravação de um LP do Electric Wizard. 

Patterns of Evil. Essa música volta a acentuar o ritmo mais veloz que os britânicos escolheram para este álbum. Iniciada com um brutal riff arrancado de cordas com toms tão abaixo do padrão que quase parecem cordas de um varal, esta música tem como ponto alto os excelentes solos, carregadinhos de efeitos alucinógenos. Pura descarga psicadélica, que nos deixa ofegantes e anestesiados. E o que vem a seguir exige preparação mental.

Satyr IX. De longe, um dos melhores momentos que Black Masses tem para oferecer. São dez minutos de puro transe, onde vibrações em série se entranham numa bateria ritualista/tribal, proporcionada por Shaun Rutter – outro debutante nas gravações com o Electric Wizard. Somos colocados numa floresta a céu aberto, prontos a testemunhar uma cerimónia satânico-medieval.

Turn Off Your Mind. Na mesma linha de Patterns of Evil, é um hino aos pais Black Sabbath, um hino onde o fuzz se acumula em várias camadas, e onde diversos samples são adicionados, criando novamente um final “de buraco negro”, como em Venus In Furs. Cheira a casaco de couro, cheira a 70’s e para isso muito contribui o tom de voz de Jus.

Scorpio Curse. Uma música que poderia estar perfeitamente no alinhamento de Witchcult Today. Riff melódico, lento, grudento, inserido numa estrutura prazerosa e profunda o suficiente para fazer de Scorpio Curse uma das faixas principais de Black Masses. Scorpio atua como o verdadeiro termino musical do álbum, já que Crypt of Drugula são nove minutos de drone embrulhado num intenso background, onde o som dos trovões e da chuva assumem o papel principal – o que revela, claramente, que a atmosfera foi um dos pontos mais bem trabalhados pelos ingleses. Conclui-se assim a resenha de um dos lançamentos mais aguardados de 2010.

Para quem não conhece ainda a banda, esse disco é minha recomendação pra se começar a ouvir os caras. CD da mais alta qualidade stoner/doom metal que tem por aí. Turn off your mind, e aproveitem o disco!

Nota: 9/10.

Tracklist:
  1. "Black Mass" - 6:06
  2. "Venus in Furs" - 6:22
  3. "The Nightchild" - 8:02
  4. "Patterns of Evil" - 6:30
  5. "Satyr IX" - 9:58
  6. "Turn Off Your Mind" - 5:51
  7. "Scorpio Curse" - 7:31
  8. "Crypt of Drugula" - 8:49

 

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